O salto alto é um objeto cultural presente há décadas na sociedade sendo indispensável desde festas exuberantes até passeios simples na padaria da esquina. No reinado francês de Luís XIV de Bourbon entre 1643 a 1715, o charme era calçar chamativos sapatos com saltos vermelhos (que na época eram saltos baixos) entre homens e mulheres onde por muito tempo foram privilégio da nobreza e importante marca de status. O tempo passou, a revolução industrial iniciou-se, a cultura mundial evoluiu e este calçado, que passou a ser usado apenas por mulheres, se sofisticou, ganhou novos modelos e uma nova função: a sensualidade.
Pode-se dizer que o apogeu veio nos anos 50, quando Roger Vivian desenhou o salto agulha para Christian Dior. O resultado: bumbum empinado e seios para frente. Elegância e sensualidade combinadas.
Dificilmente encontramos mulheres que resistam ao glamour da exuberância de um belo salto alto assim como não há pés, joelhos, quadril e coluna que resistam as frequências em que o calcanhar da usuária significativamente fica mais elevado do que os dedos do pé. O teste é simples, qualquer pessoa que jamais usou um desses utensílios experimentar ficar na ponta dos pés por mais de 20 segundos sentirá desconforto fadigante e até mesmo dor provocados por essa posição. Muitas pessoas desconhecem o real risco que os calçados de salto alto representam a saúde.
Para começar, tentar se equilibrar na ponta dos pés já é um belo desafio. O pé já é pequeno para suportar todo peso do corpo ainda mais se projetado para frente e posto em posição ao qual se possui uma base de equilíbrio de 3 cm, isso acarreta a um desequilíbrio de toda a nossa biomecânica. Cada um dos pés possui 28 ossos, que formam várias articulações sustentadas por ligamentos e músculos, se a pessoa está descalça, o peso do corpo é distribuído por toda essa estrutura, mas se calça sapatos com saltos, ela coloca praticamente todo o peso na parte da frente do pé e dos dedos.
Quanto mais alto o salto, maior o peso na região anterior do pé. Ao caminhar, essa pressão é ainda maior. Ao correr na ponta dos pés então, estas forças são multiplicadas várias vezes e a pressão é imensa.
Sapatos de bico fino são um perigo porque comprimem os dedos favorecendo ainda mais o surgimento de doenças como o neuroma de Morton (inflamação nos nervos dos dedos) e a típica joanete (desvio angular do dedão), que, de tão comprimido, o dedão pode desviar sobre os outros dedos. O pé curvado com o salto poderá apresentar fasceíte plantar (inflamação na planta do pé) ou a tendinite do calcanhar (Aquiles), causada pela grande pressão na ponta do pé faltando mobilidade adequada na parte de trás da perna. Com o calcanhar nas alturas, o tendão de Aquiles fica encurtado e habituado com a retração. Os principais sintomas são a dor e a dificuldade para andar descalça.
Esses problemas facilmente comprometem os joelhos e predispõe à condromalácia patelar, dor nos joelhos causada pelo desgaste articular da patela com o joelho, provocado pela posição. Essa condição patogênica se não tratada leva a artrose dos joelhos. Com o centro de gravidade corporal alterado, o salto também aumenta as lordoses da coluna como mecanismo compensatório para se manter em equilíbrio sobre o salto fino e a ponta dos pés.
O mesmo efeito que faz com que o salto empine o bumbum pode desencadear crises de problemas na coluna que poderão evoluir para as hérnias de disco. Mas ainda existem inúmeros problemas que os saltos favorecem no corpo. É muito complicado mudar uma sociedade, os saltos dificilmente serão abandonados, mas é possível modificar seu uso.
Vá ao seu trabalho de tênis e calce os saltos só no escritório. Nas festas simplesmente tire os sapatos de salto e se divirta dançando descalça. Diminua o uso dos saltos longos e procure utilizar saltos mais baixos e com bico quadrado, acredite, o ideal da altura dos saltos deveria ser de 2 cm e não mais.
Em caso de dores agudas, na planta dos pés, tornozelos, joelhos, toda a extensão da coluna, ombros e pescoço, procure um serviço fisioterapêutico para uma avaliação postural e tratamento efetivo.
sábado, 27 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário