domingo, 22 de agosto de 2010

Descoberta recente questiona: Correr de tênis é errado?

Calma! Não vá pegando seu tênis novo todo sofisticado, moderno, caro e jogando na lata do lixo. Mas, segundo recentes artigos científicos e um estudo antropológico publicado pela revista americana Nature que estariam sendo avaliados em peso por milhares de fisioterapeutas e médicos do mundo inteiro, o tênis faz com que a “pisada” na hora da corrida seja feita de forma errada, confirmando que a biomecânica de corredores descalços é mais eficiente energeticamente e provoca menos impacto articular quando comparado à biomecânica de corredores calçados ou que treinam calçados. Mas vamos entender um pouco mais sobre isso.
A marcha é como chamamos o nosso jeito de andar. É uma atividade caminhando para a extinção em nossa cultura por ter sido substituída por meios de transporte. Ela (marcha – caminhada), se prestarmos bem atenção, é uma série de quedas e recuperações do nosso equilíbrio, ou seja, é um período que ocorre um duplo apoio no chão pelos pés, sendo realizado o primeiro contato com o calcanhar (retro pé) tendo assim uma adequada absorção do impacto. É correto o uso do tênis
A corrida é diferente, proporciona fases ao qual chamamos de “fases aéreas”, onde os dois pés se encontram no ar. Isso ocorre pelo simples mecanismo de propulsão que realizamos na hora da corrida para conseguirmos velocidade. Isso significa que com o tênis ou sem tênis (já que desde criança nossos pais nos ensinaram o uso dele) quando temos o primeiro contato com o chão, este é realizado através do calcanhar como na marcha, mas é errado. A absorção do impacto pelo calcanhar é tão grande que a energia gerada é transmitida através do calcanhar para a tíbia, joelhos e até mesmo pode chegar na pelve e coluna lombar.
Estudos realizados com cidadãos do Quênia (já que esta região do mundo abriga pessoas que não usufruem tanto do tênis como cultura) observaram que na corrida, o apoio no chão é realizado pela borda lateral do pé (ante pé), tendo assim, maior eficiência mecânica na corrida e menos estresse sobre outras articulações. Mas muito ainda está sendo estudado. Que o tênis altera sim o tipo de pisada, isso os estudos comprovam, mas não se pode mudar um vício que é feito desde quando éramos crianças, não jogue fora seus tênis usados para correr para iniciar corridas descalço.
Existem tênis próprios para a corrida que trazem o solado totalmente diferenciado, não possuindo a biqueira elevada como o de costume favorecendo o primeiro contato com o calcanhar, esses tênis específicos para a corrida possuem a biqueira fina e solado mais fino. Além desses estudos, existem artigos comprovando que tênis de preços altíssimos de nada melhoram a performance na corrida. Em periódicos internacionais de pesquisas científicas você encontra este estudo, mas basta digitar no Google e você terá uma prévia do artigo Do you get value for Money when you buy an expensive pair of running shoes? Ou algo como: “Você dá valor para o seu dinheiro quando você compra um par de tênis caro?”

sábado, 27 de março de 2010

Os riscos do salto alto

O salto alto é um objeto cultural presente há décadas na sociedade sendo indispensável desde festas exuberantes até passeios simples na padaria da esquina. No reinado francês de Luís XIV de Bourbon entre 1643 a 1715, o charme era calçar chamativos sapatos com saltos vermelhos (que na época eram saltos baixos) entre homens e mulheres onde por muito tempo foram privilégio da nobreza e importante marca de status. O tempo passou, a revolução industrial iniciou-se, a cultura mundial evoluiu e este calçado, que passou a ser usado apenas por mulheres, se sofisticou, ganhou novos modelos e uma nova função: a sensualidade.
Pode-se dizer que o apogeu veio nos anos 50, quando Roger Vivian desenhou o salto agulha para Christian Dior. O resultado: bumbum empinado e seios para frente. Elegância e sensualidade combinadas.
Dificilmente encontramos mulheres que resistam ao glamour da exuberância de um belo salto alto assim como não há pés, joelhos, quadril e coluna que resistam as frequências em que o calcanhar da usuária significativamente fica mais elevado do que os dedos do pé. O teste é simples, qualquer pessoa que jamais usou um desses utensílios experimentar ficar na ponta dos pés por mais de 20 segundos sentirá desconforto fadigante e até mesmo dor provocados por essa posição. Muitas pessoas desconhecem o real risco que os calçados de salto alto representam a saúde.
Para começar, tentar se equilibrar na ponta dos pés já é um belo desafio. O pé já é pequeno para suportar todo peso do corpo ainda mais se projetado para frente e posto em posição ao qual se possui uma base de equilíbrio de 3 cm, isso acarreta a um desequilíbrio de toda a nossa biomecânica. Cada um dos pés possui 28 ossos, que formam várias articulações sustentadas por ligamentos e músculos, se a pessoa está descalça, o peso do corpo é distribuído por toda essa estrutura, mas se calça sapatos com saltos, ela coloca praticamente todo o peso na parte da frente do pé e dos dedos.
Quanto mais alto o salto, maior o peso na região anterior do pé. Ao caminhar, essa pressão é ainda maior. Ao correr na ponta dos pés então, estas forças são multiplicadas várias vezes e a pressão é imensa.
Sapatos de bico fino são um perigo porque comprimem os dedos favorecendo ainda mais o surgimento de doenças como o neuroma de Morton (inflamação nos nervos dos dedos) e a típica joanete (desvio angular do dedão), que, de tão comprimido, o dedão pode desviar sobre os outros dedos. O pé curvado com o salto poderá apresentar fasceíte plantar (inflamação na planta do pé) ou a tendinite do calcanhar (Aquiles), causada pela grande pressão na ponta do pé faltando mobilidade adequada na parte de trás da perna. Com o calcanhar nas alturas, o tendão de Aquiles fica encurtado e habituado com a retração. Os principais sintomas são a dor e a dificuldade para andar descalça.
Esses problemas facilmente comprometem os joelhos e predispõe à condromalácia patelar, dor nos joelhos causada pelo desgaste articular da patela com o joelho, provocado pela posição. Essa condição patogênica se não tratada leva a artrose dos joelhos. Com o centro de gravidade corporal alterado, o salto também aumenta as lordoses da coluna como mecanismo compensatório para se manter em equilíbrio sobre o salto fino e a ponta dos pés.
O mesmo efeito que faz com que o salto empine o bumbum pode desencadear crises de problemas na coluna que poderão evoluir para as hérnias de disco. Mas ainda existem inúmeros problemas que os saltos favorecem no corpo. É muito complicado mudar uma sociedade, os saltos dificilmente serão abandonados, mas é possível modificar seu uso.
Vá ao seu trabalho de tênis e calce os saltos só no escritório. Nas festas simplesmente tire os sapatos de salto e se divirta dançando descalça. Diminua o uso dos saltos longos e procure utilizar saltos mais baixos e com bico quadrado, acredite, o ideal da altura dos saltos deveria ser de 2 cm e não mais.
Em caso de dores agudas, na planta dos pés, tornozelos, joelhos, toda a extensão da coluna, ombros e pescoço, procure um serviço fisioterapêutico para uma avaliação postural e tratamento efetivo.

Postura não é só coluna

Postura é o resultado da perfeita união das articulações do nosso corpo atuando para fornecer nosso equilíbrio no espaço, uma entidade formada em conjunto com o sistema nervoso e os músculos. Embora muitas pessoas achem que postura seria só o conjunto ditado pela coluna vertebral, esta também é parte primordial e essencial da postura por que irá determinar sob diversas influências a direção dos membros superiores e inferiores. A postura bípede do homem é extremamente eficaz e constitui o mecanismo antigravitacional mais econômico por que gastamos pouca energia para nos mantermos em pé, usando um pouco de cada músculo e criando nossa própria postura.
Em um indivíduo, ocorrem informações entre o sistema nervoso e o cérebro, provenientes de três fontes para o equilíbrio do corpo no espaço a sua volta, seja em pé, sentado ou em movimento. Informações providas dos olhos, ouvidos, músculos, articulações, ligamentos e tendões. Nesses quatro últimos citados, existem receptores que informam uma estrutura chamada cerebelo, para depois então, informar o cérebro o grau de tensão a que cada um está sendo submetido e depois retransmitem essa informação de volta para os mesmos músculos, articulações, ligamentos e tendões, fazendo com que nos equilibramos conscientemente ou inconscientemente.
Graças a esses receptores, se fecharmos nossos olhos ou tampássemos nossos ouvidos e realizássemos um movimento, perceberíamos perfeitamente a nossa posição no espaço em que nos localizamos. Quando temos distúrbios posturais, como exemplo as hiperlordoses (o famoso bumbum empinado ou o pescoço de ganso) e escolioses ou alterações no comprimento dos membros, esses receptores vão se acomodando ao longo do tempo, devido a uma influência imposta pelo meio externo, e quando menos esperarmos, nossos músculos e articulações estão devidamente desalinhados pra o padrão normal do ser humano. O profissional fisioterapeuta interage com técnicas que, além de dar melhor condição aos músculos muito fracos e tirar a tensão dos músculos muito fortes, interfere nesses receptores a fim de reeducar o “formato” de um indivíduo.
Por essa e outras razões, a Fisioterapia é muito eficaz em sua conduta no tratamento das alterações posturais. Não podemos simplesmente ir para uma academia com o intuito de fortalecer o que está fraco ou alongar o que está muito forte. Os músculos possuem pontos diferentes de fixação nos ossos, portanto, se usarmos como exemplo qualquer grupo muscular que contenha quatro músculos que realizam juntos uma determinada função, um ou mais deles consegue realizar uma função completamente diferente e se fortalecidos igualmente podem não dar resultado significativo no tratamento do paciente.
É preciso ficar atento a esses detalhes, e é por isso que uma avaliação fisioterapêutica é indispensável em pessoas com alterações posturais a fim de realizar fortalecimento muscular em academias. Pessoas com alterações na postura devem procurar o profissional fisioterapeuta para uma avaliação postural seguida de uma intervenção terapêutica apropriada para sua condição.